SÃO PAULO – Com as condições atuais, o trem-bala não seria viável economicamente para a empresa que ganhar a licitação. Para ser um bom negócio, os custos do empreendimento teriam de ser menores, a quantidade de passageiros que devem ser transportados teria de aumentar ou a tarifa do transporte deveria ser mais elevada que o previsto pelo governo.
A conclusão é de estudo realizado pelo professor de Finanças do Ibmec-RJ Luiz Magalhães Ozório e pelo coordenador de MBAs da instituição, Roberto Zentgraf. De acordo com os cálculos feitos, as condições atuais do empreendimento não o torna rentável. “Se os únicos pontos a serem considerados forem o preço da tarifa, o volume de passageiros e o investimento, o projeto não é vantajoso”, afirma Zentgraf.
O professor ressalta, contudo, que existem outros fatores que podem fazer com que, no fim das contas, o empreendimento dê retorno. Uma delas é a intervenção do governo. “Um setor como esse precisa de apoio governamental de longo prazo”, considera.
Pela proposta do governo, para ganhar a licitação, as empresas participantes devem oferecer a menor tarifa por quilômetro, cujo teto é de R$ 0,49. O investimento total para a obra está calculado em R$ 33 bilhões. Para especialistas, rentabilidade está assegurada
Uma análise feita por especialistas reunidos pela Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) mostra que existem divergências quanto à viabilidade do projeto.
Para o presidente do Conselho de Desenvolvimento das Cidades, Josef Barat, o empreendimento não é financeiramente atraente, considerando o trecho Rio-São Paulo. “A maior rentabilidade do trem-bala seria obtida no trecho São Paulo-Campinas”, afirmou, por meio de nota. “O trecho São Paulo-Campinas-São José dos Campos seria o segundo mais rentável, e o Rio de Janeiro-Resente, o terceiro”.
O vice-presidente da ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos), Rogério Balda, contudo, afirma que essa questão não é a mais importante. “O que ninguém está pensando é o desenvolvimento econômico e tecnológico que a ligação das duas maiores metrópoles pode trazer”, considerou.
Balda ainda afirmou que a demanda para o transporte está garantida. “O problema é que esta demanda sempre leva um tempo maior do que o esperado para começar a se estabelecer e, por isso, a empresa que assumir este projeto deve ter fôlego suficiente para aguentar a estabilização da procura pelo serviço”, disse.
Ponte aérea é mais rápida
Pela análise feita pelos especialistas reunidos pela Fecomercio, a ponte aérea que liga as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo é mais rápida que o trem-bala. A diferença, segundo aponta um estudo feito pelo presidente da Artificium Tecnologia, Cláudio Senna, seria de cinco minutos.
Senna concluiu que, considerando todos os procedimentos de embarque e desembarque, o passageiro gasta, em média, quatro horas e trinta minutos com a ponte aérea. “Os defensores deste projeto têm afirmado que o TAV iria auxiliar a enfrentar o problema estrutural dos aeroportos, reduzindo alguns voos, mas há maneiras mais baratas e eficientes de lidar com este problema”, considerou Senna, por meio de nota.
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