sábado, 10 de janeiro de 2015




@Sweden: Conta oficial da Suécia pertence a um cidadão por semana

  • 7 janeiro 2015
Conta muda de 'dono' a cada semana, para mostrar a variedade da Suécia
"Bem, suponho que sou eu quem manda agora nesta conta", tuitou em 10 de dezembro de 2011 uma pessoa chamada Jack Werner.
Desde então, a cada semana, um cidadão sueco diferente assume as rédeas da @Sweden, agregando a ela seu nome de batismo.
"Sou Sofia, de Estocolmo, e serei sua Miss Suécia nesta semana", diz um dos primeiros posts da "tuiteira" que está a cargo do perfil nesta semana.
Talvez não seja de se estranhar que "a conta mais democrática do mundo" seja da Suécia. É assim que a classificam os organizadores do projeto, Curators of Sweden.
A ideia é que, durante sete dias, quem estiver tuitando em @Sweden "recomende coisas a fazer e lugares a ir, compartilhando opiniões diversas e ideias pelo caminho".
Em seguida, "outra pessoa fará o mesmo, só que diferente".
Além de ser uma conta oficial, @Sweden é uma iniciativa promovida pelo Conselho Nacional para a Promoção da Suécia.
Já tem 78 mil seguidores e passou pelas mãos de mais de uma centena de cidadãos comuns.

'Várias Suécias'

Ao apresentar o país sob os olhos de seus cidadãos e suas diferentes narrativas, os organizadores dizem que a ideia é mostrar "não uma, mas sim várias Suécias" e representar a diversidade do país.
Além disso, o Curators of Sweden acreditam que, em uma era de crescente globalização e comunicação, "um país depende enormemente de como ele é percebido no exterior".
"A ideia é que os curadores (do perfil), com seus tuítes, criem um interesse e despertem a curiosidade sobre a Suécia", além de "mostrar uma nação diferente da vista normalmente através dos meios de comunicação tradicionais", dizem.
O curioso do projeto é que os cidadãos não podem se apresentar voluntariamente para controlarem o perfil. Alguém tem de indicá-los, enviando um e-mail aos organizadores.
Elinor Hägg, que foi curadora em 2014, registrou a vida no interior do país
Os cidadãos são, então, selecionados segundo vários critérios: se são ativos no Twitter, quais são seus interesses, se seu perfil poderia ser chamativo para alguém de fora da Suécia.
"Foi uma experiência avassaladora", disse à BBC Mundo Elinor Hägg, 29, ilustradora gráfica que comandou a @Sweden entre 29 de dezembro de 2014 e 5 de janeiro de 2015.
Hägg cresceu no interior da Suécia, na província de Värmland (oeste) e foi recomendada ao posto por um amigo, que também é ex-curador do perfil no Twitter.
Ela disse que começou o projeto ansiosa, ante o grande número de seguidores da conta, mas logo relaxou ao ver que a cada semana o curador dá seu próprio tom aos posts - "o que se valoriza é que você seja autêntico", diz ela.
"Muitas vezes não sentia que estava falando com tanta gente. Interagia muitas vezes com alguns usuários, que eram os mesmos. Isso criou uma experiência bastante íntima. você consegue conhecer as pessoas."
Curiosamente, a impressão de Hägg é que, entre os seguidores de @Sweden, há também uma grande proporção de suecos, que com frequência ajudam o curador a responder perguntas ou obter informações.
"Entre os que não eram suecos, costumava haver gente que gosta do país e do nosso modo de vida", diz.

Conteúdo aberto

Segundo Hägg, os curadores têm bastante autonomia para tuitar. "Há algumas normas e uma espécie de guia referencial com as regras óbvias: ser cuidadoso com a linguagem, respeitoso, etc."
Mas não há temas censurados. "Pode-se tuitar sobre o que quiser."
O que se aconselha, diz ela, é que opiniões sobre política, religião e outros temas delicados sejam acompanhados da hashtag #myownview (minha visão pessoal).
Hägg conta que gostaria que outros países tivessem contas "democráticas" semelhantes, para que ela própria pudesse conhecer lugares "através das experiências do dia a dia dos cidadãos comuns".

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