domingo, 16 de junho de 2013


Falta de planejamento estatal atrasa vinda dos superjumbos ao Brasil




Faz mais de dois anos que a Emirates negocia com a Infraero a possibilidade de voar para Guarulhos com o A380. A Luthansa chegou a anunciar, no final do ano passado, que este ano trocaria os 747-4, usados atualmente, pelo 747-8. Com 362 assentos, o novo jato polui 20% menos e é 13% mais econômico que o irmão mais velho.
Negociações para certificar Guarulhos e outros aeroportos brasileiros para receber os superjumbos começaram há mais de cinco anos. Apesar de participar de dezenas de reuniões sobre o assunto, a Infraero, que até fevereiro respondia por Guarulhos, nunca entrou com pedido de certificação junto à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Para obter a certificação, é preciso adaptar alguns procedimentos operacionais, medidas que nunca foram tomadas pela Infraero. "Nossa intenção era começar a voar em outubro desde ano, mas perdemos a oportunidade e o avião foi alocado para a rota de Hong-Kong", diz a diretora geral da Lufthansa no Brasil, Annette Taeuber.
A Lufthansa é a primeira companhia no mundo a operar o avião na versão de passageiro e já recebeu sete unidades. O avião entrou em operação em maio de 2012 e o Brasil seria o sexto destino a receber o equipamento. "Agora vai depender de quando vamos receber novos aviões e do novo planejamento da malha."
A mudança aumentaria a oferta de assentos da companhia alemã na rota Frankfurt-São Paulo em 2.400 por mês.
Privatização
Com a privatização de Guarulhos o novo concessionário, GRU Airport assumiu as negociações e entrou com o pedido de certificação do avião na semana passada. A Anac diz que está analisando o pedido, mas não deu prazo para a sua conclusão.
A intenção de GRU Airport é estar habilitado para operar com o 747-8 e o A380 na inauguração do novo terminal, prevista para maio de 2014, em tempo para a Copa do Mundo. Segundo a empresa, o novo terminal terá cinco pontes de embarque dedicadas aos dois modelos de avião.
Já o concessionário de Viracopos entrou com pedido de certificação em março, apenas para a versão cargueira do 747-8, e foi autorizado sexta.
Segundo a presidente da Boeing no Brasil, Donna Hrinak, a fabricante americana iniciou conversas com a Infraero e com a Anac para certificar 14 aeroportos brasileiros para receber o 747-8 em 2008. A fabricante fez isso no mundo inteiro e, quando o avião começou a operar, mais de 300 aeroportos já estavam certificados, incluindo destinos na África. A versão cargueira do jato já voa regularmente para 102 aeroportos. "Tivemos muitas reuniões no Brasil ao longo desses anos, mas as coisas não avançaram."

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