segunda-feira, 10 de novembro de 2014






Varig.A Maior Estrela do Brasil  vai perdendo o Brilho




Na década de 70, a Varig, primeira empresa de aviação brasileira, estava no seu auge. Duas aeronaves, modelos Boeing 727 e 737, cortavam os céus do país saindo do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Na década de 90, as duas deixaram de operar e ficaram paradas no pátio do Salgado Filho, onde estão até hoje, atraindo olhares curiosos de quem passa no local. Porém, até o início de 2015 elas deverão deixar o aeroporto e tomarem destinos diferentes. 
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Um dos aviões foi adquirido em leilão da massa falida da Varig, que encerrou as atividades em 2006, pela Escola de Aviação Flight. Segundo o diretor da instituição Aldo de Lisboa, a aeronave deverá ser removida até o final do ano para um pátio próximo à escola, que foi adquirido por licitação, onde será utilizada no treinamento dos alunos. “Seremos a única escola de aviação da América Latina a contar com um instrumento deste porte. É uma ferramenta muito potente para o treinamento por ser uma aeronave completa”, explicou. Nela deverão ser realizados cursos como o de instrução de voo, mecânica e comissário de bordo. Inclusive um dos projetos iniciais é o de instalar um simulador de voo na cabine do avião. Atualmente, o equipamento, que conta com telas digitais, funciona num dos laboratórios da escola. “Acho que essa é a melhor maneira de valorizar e respeitar a história da aviação”, comentou Lisboa, durante inspeção na aeronave, ontem. 

A outra aeronave, adquirida por uma empresa se transformará em espaço cultural. Segundo o representante da Ferrutti Empreendimento e Participadões, Cláudio Brueckheimer, a ideia é montar um projeto cultural em que o Boeing estará incluído. Mesmo sem detalhar a iniciativa, que ainda depende de licenciamentos e autorizações, ele adiantou que o conceito é a preservação da história da aviação brasileira, que teve uma importância muito grande no Estado. “A Varig era uma empresa muito querida por todos. Temos que preservar”, disse. O leilão dessas aeronaves ocorreu em junho de 2012, dentro do projeto Espaço Livre, liderado pela Corregedora Nacional da Justiça (CNJ). De 2011, quando o programa começou até este ano já foram negociados 50 aviões de grande porte e que estavam em aeroportos como o Galeão (RJ) e o Cumbica (SP), além do Salgado Filho. O dinheiro arrecadado nos leilões foi direcionado à Justiça e ao pagamento de credores das empresas que faliram, entre elas Varig e Vasp.

Deteriorarão avança com burocracia

Localizadas em área operacional do Salgado Filho, as aeronaves modelo Boeing 727 e 737 da antiga Varig passam a sensação de se deteriorar diante dos olhos. E, na prática, estão mesmo. Desde que a Varig faliu, em 2006, até agora, os aviões de grande porte foram perdendo peças, acumulando sujeira e invadidas por insetos. Um deles inclusive perdeu o bico. Outra teve os vidros quebrados e peças arrancadas. Do logo da Varig, sobrou apenas o símbolo de bússola já desgastado pelo tempo. 

Ao visitar a aeronave, o diretor da escola de aviação Aldo de Lisboa não escondeu a decepção diante da burocracia que atrasou o processo de remoção. “Por mim, teria feito no dia seguinte, mas a burocracia não permitiu”, comentou. Isso porque o avião foi adquirido no leilão de 2012, mas a Justiça só autorizou a possibilidade de remoção quase um ano depois. Após esse processo judicial, ele aguardou por quase um ano para que a Aeronáutica fizesse a licitação de um pátio ao lado do aeroporto, para onde a aeronave será transferida. Por sinal, a remoção deverá ser uma operação à parte. Isso porque o Boeing 737 pesa 17 toneladas. Para o translado será necessário desmontá-la parcialmente. Serão retiradas as asas e a cauda. Assim, o charuto, como é chamado o miolo da aeronave, pode ser transportada. Para amenizar a deterioração, ele colocou travas nas portas de acesso. Isso porque várias peças foram levadas. “Após a remoção poderemos pensar na reforma e recuperação.”

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