Família processa médium que "psicografou" livro sobre o acidente da TAM
Tem hora que o bom senso faz uma falta danada não só a alguns "evangélicos", mas também a outros tantos "religiosos". Tome um sal de frutas antes de ler a notícia abaixo, do jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto (SP):
Família processa médium por livro sobre acidente da TAM
Mãe de duas vítimas da tragédia do voo JJ 3054, da TAM, Carmen Caballero ingressou com ação na Justiça de Rio Preto para recolher os exemplares e impedir uma nova edição do livro “Voo da Esperança”, escrito pelo médium Woyne Figner Sacchetin , que narra o acidente que causou a morte de 199 pessoas em 18 de julho de 2007. Além de suas filhas Júlia Elizabete, 14, e Maria Isabel Caballero Gomes, 10, a explosão matou também sua mãe Maria Elizabete Silva Caballero, 65 anos.
Uma das teses apresentadas no livro é que todos os passageiros morreram na explosão da aeronave porque tinham débito em suas vidas passadas. Eles seriam “os algozes da Gália”, membros de um exército mercenário romano que, 60 anos antes de Cristo, teriam queimados pessoas vivas. “Ontem vocês queimaram seres humanos, hoje veem seus corpos queimados”, diz um dos trechos da obra, ditada ao autor, segundo ele, pelo espírito de Alberto Santos Dumont.
O livro descreve o acidente aéreo do ponto de vista espírita. “A providência divina, em sua sabedoria infinita, não colocou neste avião espíritos inocentes, mas almas seriamente comprometidas com um passado de erros”, diz outro trecho. O advogado de Carmen, Marco Aurélio Bdine, afirma que o autor não pediu autorização à família para publicar o livro. “Ele não cita os nomes, mas o contexto deixa claro que se trata da família Caballero”, diz. O livro faz referência a uma avó e duas crianças: “ela saiu do meio das chamas, segurando pelas mãos duas meninas que, antes desesperadas, agora quase sorriam felizes agarradas à mão da avó”.
O advogado diz que o autor descreve uma das vítimas como “professora aposentada” e natural do Rio Grande do Sul, terra natal de Maria Elizabete. Outra parte diz que “as feições se iluminaram quando reconheceu o moço ao lado: era seu filho, desencarnado (...) vítima de um (...) acidente automobilístico”. De acordo com Bdine, o texto faz uma menção indireta a um dos filhos de Elizabete, morto de acidente de trânsito.
Bdine afirma que a família ficou profundamente abalada ao ler o livro. “Todos ficaram desolados ao ler o livro. Eles estão tentando seguir em frente após a tragédia, se tranquilizar, mas a publicação trouxe todo o sofrimento de volta.” Além de recolher os exemplares, ele pede uma indenização no valor de mil salários mínimos (R$ 465 mil) por danos morais. “Fiz um pedido liminar para que a recolha dos exemplares seja realizada antes do julgamento da ação, que pode demorar.” O Airbus que vinha de Porto Alegre e pousaria no aeroporto de Congonhas se chocou contra o prédio da TAM Express.
Outro lado
Procurado pela reportagem, o autor Woyne Figner Sacchetin afirmou que não foi comunicado sobre o processo e que não identificou nenhuma das pessoas. “Não tem o nome de ninguém no livro.” Ele se recusou a dar mais informações sobre a obra, pois estava viajando e só atenderia o Diário pessoalmente.
‘Espírito um dia colhe o que planta’
No espiritismo, a morte de uma pessoa pode ser encarada como um “pagamento” por uma ação realizada no passado, segundo explica a presidente da União das Sociedades Espíritas de Rio Preto, Nair Rocha Soares. “Acreditamos no princípio da reencarnação. Um espírito tem muitas vidas. O que ele planta em cada uma dessas vidas será colhido depois”, diz. De acordo com Nair, tais consequências não podem ser encaradas como um castigo, e sim como resgate. “Se uma pessoa morre nessa encarnação para pagar um erro do passado, isso não é uma punição.
O objetivo do espírito é atingir a perfeição. A cada resgate, o espírito fica mais depurado.” Nair afirma, ainda, que não se pode confundir a idade da pessoa com a do espírito. “É muito comum acharmos injusto quando uma criança morre. Mas não sabemos quantos anos o espírito dela tem e o que já fez durante esse tempo.”
Dor
Apesar das explicações da doutrina espírita, Nair diz que a dor diante da morte sempre é grande. “É muito difícil lidarmos com a reencarnação. Mas ao mesmo tempo temos um consolo, pois acreditamos que a pessoa não morreu e que um dia o reencontro irá acontecer.”
Uma das teses apresentadas no livro é que todos os passageiros morreram na explosão da aeronave porque tinham débito em suas vidas passadas. Eles seriam “os algozes da Gália”, membros de um exército mercenário romano que, 60 anos antes de Cristo, teriam queimados pessoas vivas. “Ontem vocês queimaram seres humanos, hoje veem seus corpos queimados”, diz um dos trechos da obra, ditada ao autor, segundo ele, pelo espírito de Alberto Santos Dumont.
O livro descreve o acidente aéreo do ponto de vista espírita. “A providência divina, em sua sabedoria infinita, não colocou neste avião espíritos inocentes, mas almas seriamente comprometidas com um passado de erros”, diz outro trecho. O advogado de Carmen, Marco Aurélio Bdine, afirma que o autor não pediu autorização à família para publicar o livro. “Ele não cita os nomes, mas o contexto deixa claro que se trata da família Caballero”, diz. O livro faz referência a uma avó e duas crianças: “ela saiu do meio das chamas, segurando pelas mãos duas meninas que, antes desesperadas, agora quase sorriam felizes agarradas à mão da avó”.
O advogado diz que o autor descreve uma das vítimas como “professora aposentada” e natural do Rio Grande do Sul, terra natal de Maria Elizabete. Outra parte diz que “as feições se iluminaram quando reconheceu o moço ao lado: era seu filho, desencarnado (...) vítima de um (...) acidente automobilístico”. De acordo com Bdine, o texto faz uma menção indireta a um dos filhos de Elizabete, morto de acidente de trânsito.
Bdine afirma que a família ficou profundamente abalada ao ler o livro. “Todos ficaram desolados ao ler o livro. Eles estão tentando seguir em frente após a tragédia, se tranquilizar, mas a publicação trouxe todo o sofrimento de volta.” Além de recolher os exemplares, ele pede uma indenização no valor de mil salários mínimos (R$ 465 mil) por danos morais. “Fiz um pedido liminar para que a recolha dos exemplares seja realizada antes do julgamento da ação, que pode demorar.” O Airbus que vinha de Porto Alegre e pousaria no aeroporto de Congonhas se chocou contra o prédio da TAM Express.
Outro lado
Procurado pela reportagem, o autor Woyne Figner Sacchetin afirmou que não foi comunicado sobre o processo e que não identificou nenhuma das pessoas. “Não tem o nome de ninguém no livro.” Ele se recusou a dar mais informações sobre a obra, pois estava viajando e só atenderia o Diário pessoalmente.
‘Espírito um dia colhe o que planta’
No espiritismo, a morte de uma pessoa pode ser encarada como um “pagamento” por uma ação realizada no passado, segundo explica a presidente da União das Sociedades Espíritas de Rio Preto, Nair Rocha Soares. “Acreditamos no princípio da reencarnação. Um espírito tem muitas vidas. O que ele planta em cada uma dessas vidas será colhido depois”, diz. De acordo com Nair, tais consequências não podem ser encaradas como um castigo, e sim como resgate. “Se uma pessoa morre nessa encarnação para pagar um erro do passado, isso não é uma punição.
O objetivo do espírito é atingir a perfeição. A cada resgate, o espírito fica mais depurado.” Nair afirma, ainda, que não se pode confundir a idade da pessoa com a do espírito. “É muito comum acharmos injusto quando uma criança morre. Mas não sabemos quantos anos o espírito dela tem e o que já fez durante esse tempo.”
Dor
Apesar das explicações da doutrina espírita, Nair diz que a dor diante da morte sempre é grande. “É muito difícil lidarmos com a reencarnação. Mas ao mesmo tempo temos um consolo, pois acreditamos que a pessoa não morreu e que um dia o reencontro irá acontecer.”
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