sexta-feira, 26 de novembro de 2010

URUGUAIOS NAO SAO CORDEIROS.E GUARDAM DINHEIRO EM CASA AO INVES DOS BANCOS


 
25/11/2010 - 20:02
 

Economia

Uruguaios têm mais dinheiro no colchão do que em bancos 

A maioria tem poucas economias ou não confia nas instituições financeiras

BBC
Seis em cada dez poupadores uruguaios mantêm o seu dinheiro em casa. No congelador, em vasos, latas, entre os livros ou no velho colchão. É onde a grande maioria da população guarda o dinheiro que economiza no fim do mês.

O banco estatal da República (BROU) encomendou à empresa de opinião pública Radar uma pesquisa sobre os hábitos de poupança dos uruguaios e os resultados foram surpreendentes. 

O levantamento apontou que a maioria prefere manter suas economias em casa - 64% conservam seu dinheiro em espécie, comparado com 32% que o depositam em bancos. O comportamento foi registrado em todos os níveis sócio-econômicos. Contudo, o que chamou a atenção é que o hábito ocorre com mais freqüência entre cidadãos de classe média alta, onde esse percentual chega a 76%.

Motivos - Os poupadores têm duas razões para guardar o dinheiro em casa: "é pouco para guardar no banco" e "está mais seguro na minha mão". 

"Em alguns casos, as pessoas não confiam no sistema e em outros ainda sentem as consequências da crise bancária de 2002, que foi muito signigicativa", disse Fernando Calloia, diretor do BROU. Naquela ocasião, muitos poupadores perderam seu dinheiro pela quebra ou fechamento de quatro bancos privados. "A confiança em bancos é conquistada em décadas e perdida em um segundo e ", disse Calloia. 
Além disso, ter dinheiro em casa, afirma o relatório da Radar, "se deve em grande parte à necessidade de ter acesso à quantia de forma imediata, de sentir-se dono de sua poupança". 

"No plano psicológico tem a ver com a urgência de atender seus desejos", continua o relatório. De fato, 80% das pessoas que depositam seu dinheiro no banco preferem a conta corrente à poupança, pois isso permite acesso imediato ao dinheiro, sem ter que esperar o cumprimento de um determinado prazo. Isso, segundo Calloia, também é consequência da crise de 2002, pois as pessoas não poderiam retirar dinheiro aplicado a prazo fixo. 

Tampouco ajuda o fato de que as taxas de juros internacionais estejam próximas de zero, "o que torna pouco atrativo para uma pessoa perder liquidez por taxa tão baixa", explicou. 

Na pesquisa não se menciona outras formas de aplicação, como ações, tão populares para poupadores de outros países. Calloia explicou que isso é porque no Uruguai o mercado financeiro não bancário está "pouquíssimo desenvolvido". 

Perfil dos poupadores - Outra informação revelada pela pesquisa é que, ao contrário do que se poderia imaginar, as pessoas que ganham menos são as que mais economizam. Ainda que a poupança atravesse todos os níveis sócio-econômicos, 41% das pessoas de classe baixa disseram guardar parte de seus salários, comparado com 36% de pessoas da classe alta e 34% da classe média.
"Isso me surpreendeu muito", disse Calloia, que arriscou uma explicação: "Uma especulação é que não existe estímulo à poupança, mas sim ao consumo. Então, nos setores em que se ganha mais, esse estímulo ao consumo funciona melhor, enquanto que nos setores com menos ganhos há mais esforço de poupança para atingir metas de longo prazo, como uma casa, um carro ou para melhorar a própria condição social."

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