sexta-feira, 15 de agosto de 2014


Por que o mercado de sexo ficou mais barato?

Reportagem da The Economist analisou dezenas de milhares de perfis de prostitutas e descobriu que o preço médio de serviços sexuais caiu nos últimos anos

David Paul Morris/Bloomberg
Prostitutas em bordel em Nevada, Estados Unidos
Prostitutas em Nevada, único local dos EUA onde a prostituição é legalizada
São Paulo - O mercado do sexo é praticamente tão antigo quanto a humanidade, mas tabus morais e restrições legais fazem com que ele continue sendo um dos menos compreendidos.
Algumas tentativas foram feitas recentemente, como a do Urban Institute, que mapeou a economia ilegal de 8 cidades americanas e descobriu que o sexo movimenta US$ 290 milhões por ano só em Atlanta.
A União Europeia definiu recentemente que seus membrosdevem começar a incluir drogas e prostituição na conta do PIB.
Agora, em uma longa reportagem na sua última edição, aThe Economist fez um retrato econômico da economia do sexo nos dias atuais.
Além de conversar com estudiosos do tema, a revista britânica analisou 190 mil perfis de prostitutas cadastradas em um site internacional de resenhas. Os dados vem desde 1999 e englobam 84 cidades grandes em 12 países ricos, a maioria nos Estados Unidos.
A principal conclusão é que o preço médio de uma hora de serviço sexual caiu consideravelmente nos últimos anos. Uma das razões é a crise financeira de 2008, que causou uma queda na demanda - como seria de se esperar para qualquer bem ou serviço não essencial.
A imigração em massa também tem seu papel. Cidades grandes e ricas tendem a atrair trabalhadores de todas as profissões, incluindo prostitutas. Partes da União Europeia, em especial, receberam um grande fluxo com a inclusão de novos países membros com populações mais pobres.
Estas recém-chegadas acabam cobrando menos por serem inexperientes e por ainda não estarem conectadas no mercado estabelecido, onde há um certo controle informal dos preços.
Internet
O principal fator, no entanto, é o mesmo que continua virando de cabeça para baixo inúmeras indústrias, da música ao transporte: a internet.
Apesar de chamar mais atenção, a troca de serviços sexuais abertamente nas ruas sempre foi uma parcela pequena do mercado de sexo geral, focado principalmente em bórdeis e serviço a domicílio. A internet tornou este comércio mais seguro, mais discreto e mais anônimo, o que serve como estímulo para a entrada de prostitutas no mercado.
Além disso, ela torna a troca de informações entre trabalhadoras e clientes mais fácil e transparente, diminuindo a necessidade de intermediários e tornando os bórdeis cada vez menos relevantes.
Ao mesmo tempo, o sexo casual é hoje visto com mais naturalidade pela sociedade, até pela proliferação dos aplicativos de paquera - o que também diminui a demanda por prostitutas, e por consequência, os preços que elas podem cobrar.
Além desta análise, que incluiu também uma estimativa do preço médio de cada ato sexual, a matéria também traz algumas curiosidades. Uma delas é que educação aumenta a renda no mercado do sexo da mesma forma que no mercado de trabalho geral.
Um estudo de Scott Cunningham, da Universidade de Baylor, e Todd Kendall, da consultoria Compass Lexecon, mostrou que prostitutas graduadas ganhavam em média 31% mais que as não-graduadas.
Outra é que cirurgia plástica pode ser uma decisão economicamente inteligente para uma prostituta: "uma mulher com pouco seio que opera para ter seios avantajados ganha em média 40 dólares a mais por hora, o que significa que um preço típico de US$ 3.700 para uma cirurgia se paga após cerca de 90 horas."

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