sábado, 26 de fevereiro de 2011

FORÇA DAS AGUAS DAS CASCATAS DE FOZ DO IGUAÇU DESCEM NUMA VELOCIDADE IMPRESSIONANTE.

14/02/2011
Profissionais da Itaipu fazem estudo inédito sobre as águas do Rio Iguaçu
Um estudo inédito feito por profissionais da Itaipu acaba de comprovar, com dados científicos, o que o olhar de centenas de pessoas vê todos os dias: a força das águas das Cataratas do Iguaçu. Em alguns pontos próximos às quedas, a velocidade chega a quase sete metros por segundo. A rapidez das águas é seis vezes superior à média de um rio comum, que é de um metro por segundo, e produz força suficiente para arrastar uma pedra de 10 toneladas.
O resultado é parte de um minucioso trabalho da Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos (OPSH.DT) sobre o comportamento das águas do Rio Iguaçu, no trecho de 23 quilômetros entre as cataratas e a confluência com o Rio Paraná. A pesquisa foi encomendada à Itaipu pela Comisíon Mixta Argentino Paraguaya del Río Paraná (Comip), formada pelos dois países.
O relatório, que começou com estudos em setembro de 2010 e deve ser concluído em março, ampliará e tornará mais precisos os modelos já existentes sobre o comportamento do Rio Iguaçu. Até essa análise, os diagnósticos estavam limitados a montante das quedas, ou a uma distância de cinco quilômetros a jusante do Iguaçu, exatamente em virtude da dificuldade imposta pela força das águas.
“Não conseguíamos navegar após o Porto do Macuco por causa da dificuldade das corredeiras, então nossos estudos iam até este ponto. E o último deles foi feito há 34 anos, em 1977”, explicou o engenheiro Juan Blas Fernandes, da Comip. Uma distância de cinco quilômetros separa o porto da Ilha de San Martin, próxima às primeiras grandes quedas.
Para a pesquisa encomendada agora, a alternativa foi alugar uma embarcação do Macuco, com dois motores de 150 cavalos, própria para as corredeiras do Iguaçu. Foi com este barco que a OPSH.DT conseguiu realizar a medição inédita nas últimas quarta (9) e quinta-feira (10).
Tecnologia e resultados
Além da embarcação potente, a tecnologia também ajudou no serviço feito com a combinação de dois tipos de medição. O primeiro usou um ecobatímetro – equipamento similar a um sonar, com capacidade para mapear profundidades de até 600 metros, e que gera um traçado da topografia do rio.
O equipamento emite sinais acústicos e, por meio de um relógio interno, mede o intervalo entre o momento da emissão do sinal e o instante do retorno do eco ao sensor. O som é convertido em sinais elétricos que fornecem informações da profundidade exata abaixo do transdutor. Os resultados são agrupados e convertidos cartograficamente em uma malha quadriculada, em três dimensões.
O segundo aparelho usa ondas sonoras para medir a velocidade das correntes e as turbulências: é o ADCP, sigla para Acoustic Doppler Current Profiler ou Perfilador Doppler Acústico de Corrente, em português. O equipamento é usado de forma concomitante a um GPS, que traça os pontos analisados.
Da Ilha San Martin até o Porto do Macuco no lado argentino, foram mapeados 4.200 pontos em cinco quilômetros, percorridos em 1h10. Os dados completos só estarão disponíveis no relatório final, mas já foi possível atestar alguns resultados na última quinta-feira (10).
Além da velocidade máxima de 6,8 metros por segundo em pontos de maior correnteza, as análises mostraram a profundidade do trecho, variável entre 2,8 metros a 12 metros no entorno da Ilha San Martin. No Rio Iguaçu, a profundidade média é de 20 metros.
Como era previsto pelos técnicos, a batimetria comprovou a irregularidade do fundo do Rio Iguaçu na área próxima às quedas. Essa 'rugosidade' é uma das responsáveis pela grande turbulência das águas do trecho, tão intensas que impediram a leitura do ecobatímetro em determinados momentos.
“Nunca vi o ecobatímetro não funcionar. É uma força incrível”, disse o engenheiro civil da OPSH.DT, Paulo Gamaro. “Isso é um laboratório de hidráulica a céu aberto. Aqui vemos as correntes e a turbulência de um jeito que nem os melhores centros de pesquisa do mundo conseguem simular”, disse o engenheiro.
Segundo o gerente da OPSH.DT, Jose Miguel Rivarola Sosa, o trabalho dará ainda mais precisão dos modelos hidrodinâmicos já existentes na Hidrologia. “Será útil para a Comip e para nós da Itaipu. Quanto mais informação, melhor a qualidade dos nossos modelos hidrológicos”, concluiu Sosa.

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