domingo, 25 de setembro de 2011

Fernando de Noronha.O paraiso Brasileiro ao alcance de todos.


A ilha dos sonhos

Fernando de Noronha não sai
da cabeça dos turistas. Motivos?
As praias mais bonitas do país,
o ambiente sedutor, golfinhos,
tartarugas...
Bettina Monteiro

Fotos Caio Borghoff

A Baía dos Porcos, com os Dois Irmãos ao fundo: cartão-postal e o melhor ponto da ilha para praticar snorkeling

As pousadas são modestas; os banhos, frios; a comida, cara. É preciso entrar na fila para chegar lá. Mas todo mundo quer ir, quem já foi quer voltar. E sempre se fala dela com um brilho especial no olhar, um tom de encantamento na voz. Fernando de Noronha é o destino dos sonhos de boa parte dos turistas brasileiros, o lugar mais mencionado num levantamento feito por VEJA em seis capitais. Não é pouca coisa num país com 8 000 quilômetros de litoral e 2 045 praias. Com tantas opções, para os mais variados gostos, o que torna Noronha tão especial? Essa ilha plantada no Atlântico, à altura do litoral pernambucano, consegue exibir ao mesmo tempo paisagens que parecem saídas de cinema, águas do turquesa mais profundo e rochedos com recortes inusitados. Tem também aquele ar de que não foi ainda descoberta por ninguém, uma paisagem marinha tão deslumbrante quanto a que se vê acima da linha d'água, a graça permanente dos golfinhos rotadores singrando o horizonte e fazendo acrobacias, um clima de verão o ano inteiro e a aura de lugar perdido no tempo e isolado do mundo – exatamente como devem ser as ilhas. Até os que a conhecem apenas por fotografias não duvidam: é o protótipo do paraíso.
Chegar a Fernando de Noronha de avião, num dia de sol, é um deslumbramento. A ilha principal, com seu cortejo de vinte ilhotas que formam o arquipélago, bóia na imensidão azul. De origem vulcânica, esculpida pelo mar e pelo vento ao longo de 12 milhões de anos, Noronha tem formações rochosas singulares, como o Morro do Pico (o ponto mais alto), os Dois Irmãos (par de rochedos em forma de seios que é sua marca registrada) e a Ilha do Frade (um dedo apontado para o céu). Em terra, descobre-se que é ainda mais bela. E menor do que se imagina: a ilha principal tem apenas 17 quilômetros quadrados – Ilhabela, no litoral paulista, é vinte vezes maior. Dá para conhecer o lugar inteiro a pé, desbravando a guirlanda de dezessete praias (a opção são os passeios com os onipresentes buggies). Dessas, nada menos que três ocupam o topo da lista das dez mais belas do Brasil, segundo a edição Praias do Guia Quatro Rodasa Baía do Sancho, a Baía dos Porcos e a Praia do Leão (e muita gente também arrumaria um lugarzinho para a Cacimba do Padre).

Jorge de Souza
Caio Borghoff
Para chegar à Baía do Sancho, onde arraias e tartarugas são visíveis a olho nu, usa-se uma escada fincada na falésia: todas as praias são acessíveis sem carro
Estrela-do-mar: cores debaixo d'água

Basta uma caminhada de um dia – com inúmeras paradas para banhos, claro – para conhecer todo o lado oeste da ilha, o chamado Mar de Dentro. O outro lado, o leste, ou Mar de Fora, é ainda mais simples de ser visitado. São apenas três praias: do Leão, do Sueste e do Atalaia. Em qualquer dos lados, uma coisa é certa: as praias noronhenses continuam preservadas. Em Noronha, a natureza é vigiada de perto, e o acesso, controlado – são 500 turistas por dia, pagando uma taxa de preservação de 21,28 reais, progressiva a partir do 12º dia (resultado: todo mundo fica pouco tempo; um mês em Noronha custaria 1 755 reais só de taxa). O Parque Nacional Marinho ocupa 70% da área das 21 ilhas e ainda parte do mar ao redor. Os quase sessenta biólogos, cientistas e funcionários do parque e do Ibama tentam manter o habitat de vários animais tão intocado quanto era em 1502, quando a ilha entrou nas cartas náuticas. O esforço é tão valoroso que até espíritos mais reticentes se transformam em ecologistas honorários, mesmo que por poucos dias, e não reclamam de restrições como a proibição de navegar e até nadar na Baía dos Golfinhos, local onde os rotadores descansam e procriam – o máximo permitido é observar, de longe, suas infindáveis acrobacias aéreas.
As belezas naturais da superfície são reproduzidas, e até ampliadas, debaixo d'água. Parte de uma cadeia de montanhas submersas que chega a 4 000 metros de profundidade, Noronha tem lajes, cavernas, grutas e formações rochosas tão surpreendentes quanto as que ficam acima do nível do mar – tudo isso animado por uma fauna marinha de estonteante diversidade. "As águas abertas são como um grande deserto azul, e as ilhas oceânicas, um oásis. Elas atraem os animais marinhos de passagem e propiciam o desenvolvimento de novas espécies", explica o mergulhador Lawrence Wahba. Com um simples snorkel, até uma criança vê tartarugas marinhas, cardumes multicoloridos, imponentes arraias. Existe ainda uma estrutura montada para convencer até o mais receoso dos turistas a enfiar a mão no bolso (120 reais em média) e experimentar o mergulho submarino, quando o espetáculo fica mais deslumbrante ainda. Basta uma hora de instruções no barco e se jogar na aventura, sempre na companhia de um instrutor.
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