segunda-feira, 28 de março de 2011

CIENTISTA ESTUDO FENOMENO DE NASCIMENTOS DE GEMEOS GAUCHOS.


Edição do dia 25/03/2011
25/03/2011 21h09 - Atualizado em 25/03/2011 21h09

Variação de gene explica nascimento de tantos gêmeos em Cândido Godói

São 140 pares desde 1927, até sete vezes mais do que em outras partes do mundo. Os cientistas acreditam que, no futuro, a descoberta poderá ajudar nos tratamentos de fertilidade.

Cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul conseguiram explicar um mistério: por que nascem tantos gêmeos na cidade de Cândido Godói? Veja na reportagem de Patrícia Cavalheiro.
Na escadaria da igreja, pose para mais uma foto. Esta sexta-feira (25) é um dia especial em Cândido Godói, município de 7 mil habitantes no noroeste gaúcho. Pesquisadores explicaram por que nascem tantos gêmeos na cidade: são 140 pares desde 1927, até sete vezes mais do que em outras partes do mundo.
Na família de Francine e Franciele, o fenômeno acontece há quatro gerações. “Nossa bisavó veio de fora e ela já tinha tido gêmeos. Então é uma coisa meio óbvia, é genético”, contou Franciele.
Mas nem todos concordam com essa explicação. “Eu acho que é obra de Deus”, disse uma senhora.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul realizou um grande estudo: foram coletados materiais para exame de DNA e analisadas as histórias familiares de quase 150 mulheres.
Durante os três anos em que a pesquisa foi realizada, os resultados que iam surgindo foram mantidos em sigilo. O combinado era que a conclusão fosse revelada para os moradores. Por isso, nesta sexta (25), eles se reuniram no salão paroquial da cidade para entender o mistério da multiplicação dos gêmeos.
Tudo começou com a chegada dos primeiros imigrantes alemães, há mais de um século. Estes moradores apresentavam uma variação do gene P53, que está relacionado com a fertilidade. Este gene aumenta a chance de sobrevivência de embriões de gêmeos no útero.
Como a comunidade era pequena e afastada, esta característica se tornou mais frequente na região. Os cientistas acreditam que, no futuro, a descoberta poderá ajudar nos tratamentos de fertilidade.
“Pode ajudar outras mulheres, outras pessoas que tenham infertilidade. Se a gente descobriu um gene que realmente tem este mecanismo de manutenção da gestação”, explicou a geneticista Úrsula Matte.
A pesquisa ainda revelou um fato curioso: a maioria das mães que tiveram gêmeos tomou água de poço. Os mais antigos sempre acreditaram no poder desta água, mas a ciência não sabe se existe alguma relação. Outro mistério é ver se a tradição vai passar de mãe para filha.
“Eu gostaria de ter netos gêmeos. Mas elas não querem!”, revelou a mãe de Francine e Franciele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário